sábado, 14 de novembro de 2020

Conversas minhas…(monólogos III)

Amizades e relações…”fast-food” ou descartáveis

Há uns anos para cá, que tenho reparado, e sentido na pele, uma mudança de atitude em relação aos comportamentos sociais das pessoas à minha volta que me têm, no mínimo incomodado, percebo que as redes sociais vieram trazer uma nova realidade, mas isso não justifica atitudes que são no mínimo egoístas.
Passo a exemplificar, é relativamente natural que se bloqueie, retire a pessoa das redes sociais se não temos qualquer relação com a mesma a nível pessoal, se não a conhecemos, ou se o maior contacto que temos com essa pessoa, é uma mera troca publica de mensagens, e que de alguma forma, essa pessoa se tornou incorrecta ou mal educada, ou se de alguma forma quis ou quer, impor a sua presença, isso já o fiz e voltarei a fazer sempre que aconteça, sublinho…pessoas sem qualquer ligação comigo.
Agora sim, o que para mim é dificilmente compreensível, seja uma relação de amizade, seja uma relação colorida ou afectiva entre duas pessoas que durante um período largo convivem diariamente e que por questões pessoais ou opções, optam por novos caminhos, (algo que é natural e faz parte da vida, e esta parte está compreendida).
Este é factor importante, para compreender o que falarei em seguida, é que esse afastamento não se deve a qualquer incompatibilidade ou problema entre as duas pessoas, apenas o seguir de caminhos diferentes, o que não implica o fim da amizade, antes pelo contrário, se foi bom, deve ser preservado.
O que eu não consigo entender, (porque me sugere outras coisas que falarei no decurso deste texto), é que duas pessoas tenham um contacto próximo durante meses, se vejam ou contactem todos os dias, até mais que uma vez, passem horas ao telefone, saiam e se relacionem de uma forma, que direi quase perfeita, se sintam bem, se riam, se divirtam, e se for o caso, de uma relação colorida ou mesmo uma relação, tenham contacto físico em que se entregam ambos aos prazeres do corpo com a emoção e sentimento que é sentido por quem ama ou apenas por quem gosta, mas sentimento, pois não nos entregamos a qualquer um, pelo menos eu não, e acredito que as pessoas com que estou também não.
Quando entramos na vida REAL de outra pessoa, temos que mudar o chip, não é um mundo virtual, é o real onde a nossa presença, quando desejada e retribuída, tem consequências na vida do outro, não podemos “usar e deitar fora”, usar enquanto precisamos, ligando várias vezes e falando por horas, falando e mandando mensagens várias vezes ao dia, fazendo tudo para estar uns momentos juntos, e de repente, de um dia para o outro, literalmente, porque a situação mudou ou porque arranjamos um “brinquedo” novo, deitamos essa pessoa fora, removemo-la sem qualquer problema, como se estivéssemos nas redes sociais e bastasse um simples clique para “apagar” das nossas vidas e seguir caminho.
Não, a nossa entrada na vida dos outros deixa marcas, umas mais profundas que outras, se a outra pessoa gostar ou amar-nos, pior ainda, temos que ter essa consciência, não podemos simplesmente virar as costas e partir, percebo que as coisas podem e acabam por mudar, mas fazê-lo de uma forma abrupta e radical, de um dia para o outro, literalmente, sem qualquer razão ou motivo, causa enorme sofrimento e dor no outro, a indiferença de quem tanto dava, a falta de motivos e de compreensão por parte de quem fica é uma dor constante, acaba por pensar até que ponto não foi apenas usado ou utilizado numa fase menos boa do outro, se não foi um mero oportunismo da outra parte para se sentir bem ou apenas como sendo útil para atingir determinados fins, para a seguir ser descartável, logo que o outro voltou a não precisar dele. A amizade é algo valiosa, não uma mera palavra ou numero numa rede social, a vida real é muito mais que isso, são sentimentos, emoções, pessoas reais que sentem na pele esse abandono e as nossas acções, sejam elas premeditadas ou inconscientes, logo devem ser ponderadas.
Pior ainda é quando passados alguns meses ou até anos, essa pessoa volta a aparecer, do nada, pedindo favores ou tentando uma aproximação, como se nada fosse, e ainda fica “ofendida” ou “magoada” , por não lhe serem feitas as vontades ou por ser recebida de uma forma fria e distante.
Sobrevivo a esta “nova maneira de estar”, mas não a compreendo nem a aceito, sou muito cuidadoso com o que gosto e preservo pela vida muitas recordações, tenho até ainda brinquedos da minha infância, se faço isso com alguns bens puramente materiais, que me marcam sentimentalmente, imaginem com as pessoas que me fazem bem, que gosto, e que amo, nunca as perco e tenho sempre tempo para um telefonema ou um encontro para manter o que tão bem me faz, ter recordações boas, saber que fui e sou importante na vida de alguém e que nos marcamos mutuamente, que não nos apagámos das nossas vidas, não somos um perfil de rede social, somos reais, precisamos da voz, do riso do abraço, até mesmo da diferença de opiniões, mas nunca perdemos o mais importante, o sermos HUMANOS.
J.C.2020

Por vezes tenho de voltar, tudo o que me afastou deste MEU lugar nunca será mais forte que a vontade de voltar

3 comentários:

  1. Que em 2021 continuamos as nossas loucuras nossos blogs, nosso sexicontos!
    No novo ano, depois da pandemia passar, vamos deixar nossos instintos nos guiar, sem limites, sem regras, sem juízo!
    Um tesão de ano novo para vocês!
    ah! e que em 2021 eu possa pertencer a lista da sua lista de blogs!rsrsrs
    e quero postar um conto seu la no seximaginarium
    Leo Seximaginarium

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  2. tenho sofrido muito com isso... Conheço pessoas, cria-se algo, e não estou a falar de amor... apenas cumplicidade ou sexo ou o que for... e do nada passam a ser fantasmas... fazem-nos duvidar de nós próprios...
    Bem, esperança que isto melhore, ão tenho, mas tenho esperança que eu aprenda a lidar com a nova maneira de ser da humanidade

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    Respostas
    1. Tenho passado pelo mesmo, e a minha esperança também é pouca, mas serei sempre um sonhador e não desisto de encontrar pessoas que me possam fazer sorrir ou feliz, nem que seja por breves instantes, dentro do que...for :)
      Gostei muito de te ter por aqui, volta sempre, estou menos presente mas nunca ausente.

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