quarta-feira, 14 de agosto de 2013

AMORES... PERDIDOS


Um dia estava ele a pensar em todas as mulheres que tinham passado na sua vida,tinham sido muito importantes para ele,todas elas,pelo menos as que se recordava,e essas eram importantes,porque lhe tinham ficado na memoria,tenham sido por uma noite ou por anos,sempre as tinha a todas respeitado,e gostado delas a sua maneira,não havia nenhuma que não tivesse sentido o seu carinho,a sua paixão na cama,a sua insaciedade pelos seus corpos,a sua amizade total.Todas tinham deixado marca,tinham moldado a sua pessoa,tinham-se tornado amigas e companheiras por momentos do seu percurso de vida.
Amado?sim tinha amado,duas ou três vezes,tinha sido a única altura em que a palavra AMO-TE tinha saído da sua boca,sentida e verdadeira como sempre fora,havia palavras que nunca banalizara,tinham um sentido bem profundo,tinha de existir,aquela cumplicidade única,aquela sinceridade que não ofende nem é usada para magoar,mas sim para conhecer,e entender o outro,os silêncios que não são embaraçosos,antes pelo contrario,são desejados e apreciados,o olhar que tudo diz sem palavras,era isso que para ele definia a palavra AMOR.
Por razões que só o "jogo" da vida ou a sua crueldade conhece e sabe,tinham seguido caminhos diferentes,sem olharem para trás,mas sem nunca perderem o rasto,ficou a amizade,pouco para quem tanto sonhava.
Hoje sozinho,perguntava-se o porquê,desta solidão,onde estaria a sua companheira,a sua amiga,a sua cúmplice,teria perdido a sua capacidade de amar?estaria a ficar um homem amargo que nada o fazia sonhar,teria deixado de acreditar no sonho?não queria acreditar que fosse possível,embora tudo lhe mostrasse que era a sua actual realidade.
Tinha deixado de conviver com a solidão como o tinha feito ate ai,as amizades que sempre lhe tinham ocupado esse espaço,tinham partido,seguido os seus caminhos,ou por muito próximo que estivessem,tinham as suas vidas,os seus caminhos a dois,e ele tinha-se afastado,nunca tinha gostado de se sentir "a mais",ou o seu maior pesadelo,ser  o amigo aborrecido,o que se aceita por pena,isso NUNCA.
Estava exigente?ou cuidadoso de mais?não queria ter alguém ao seu lado só por ter,isso seria ir contra tudo o que acreditava,teria de haver algo,não diria AMOR,pelo menos no inicio,mas teria de haver uma "amizade cúmplice",disso não abdicava,mas o tempo passava e as pessoas que agora conhecia,não tinham tempo para se comprometerem,para acreditarem nos outros,desistiam,ou eram egoístas de mais,e ele também claro,embora sentisse que no fundo bastava um olhar para voltar a acreditar e voltar a sonhar que era possível.
Cada dia que passava era um dia a menos nos seus sonhos de felicidade,na sua fantasia de vida,nunca tinha desesperado ou ficado obcecado por ter alguém ao lado,mas a solidão agora ja não era indiferente,magoava-o,torturava-o nas noites que chegavam.
Sentado no alpendre,olhando o céu,via as estrelas que iluminavam a noite,como seria bom ter o calor de uma mão entrelaçada na sua,mas vendo a beleza e perfeição do Universo,naquele céu estrelado,acreditou,pelo menos naquela noite,que sim que ainda podia vir a ser feliz e que voltaria a ser capaz de AMAR.

J.C.

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