quarta-feira, 12 de dezembro de 2018

VAZIO DE TUDO

ANDO A RECORDAR ALGUMAS COISAS QUE ESCREVI,POR VÁRIOS MOTIVOS,E ACABO SEMPRE POR ENCONTRAR UNS QUE TENDO TANTOS ANOS,CONTINUAM TÃO VERDADEIROS NESTE MOMENTO,POR OUTROS MOTIVOS,MAS INFELIZMENTE...ACTUAIS.
AQUI FICA MAIS UM

Andava pelo tempo, vazio de tudo, apenas acompanhado por uma tristeza que não conseguia entender nem saber de onde vinha, tudo fazia para se reencontrar, saía para a noite, juntava-se na multidão, sorria de alma vazia, bebia uns copos e falava de banalidades que não entendia, continuava sozinho, ou acompanhado por aquela tristeza que não o largava.

Só quem o olhasse no fundo do seu olhar se apercebia que algo o consumia, por dentro, quem o olhasse mesmo com atenção.Acordava quando a manha já tinha partido, há alguns meses que assim era, levantar cedo para quê? já era tão doloroso o dia, fechado dentro de uma casa demasiado grande para si só, acompanhado de uma tv velha e de sons que já nem ouvia, assim só tinha que deixar passar as tardes, agora quentes e sem fim, a volta da cozinha ia ocupando o tempo, em cozinhados perdidos que sonhava partilhar e que ficavam esquecidos a um canto no frigorífico e aquela tristeza que o não deixava, sempre consigo.

Chegava a noite e o sono nunca vinha como esperava, horas e horas deitado num quarto escuro, sempre a perguntar o porquê, daquele vazio, de se sentir oco por dentro, por ter perdido parte de si no percurso e de já quase não se lembrar daquela pessoa que tinha ficado para trás e de que tanto precisava de encontrar dentro de si novamente.

Estava a perder a capacidade de entender os outros e pior que tudo já não se reconhecia ou compreendia a ele próprio, tantas críticas soadas aos ouvidos, tantas recriminações, tantas falhas que lhe apontavam e ele olhando-se ao espelho não reconhecia a pessoa de que falavam, seria possível que fosse dele que falavam?Olhava a sua volta e o espelho reflectia uma imagem, mas ele não conhecia tal pessoa, só conseguia ver a tristeza que acompanhava aquele ser e não o conseguia largar nem de dia, nem de noite.

J.C.


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