terça-feira, 18 de março de 2014

PONTO DE PARTIDA

Agora que o tempo tinha passado,deu consigo a pensar que afinal o que procurava,ou antes estava em constante espera,ja o tinha tido na vida,pelo menos duas vezes neste meio século de vida infelizmente,tinham chegado cedo de mais,para se poder aperceber,para lhes dar o valor real,era muito novo,ainda não se tinha apercebido da raridade que tinha nas mãos,naquela altura tinha sede de vida,queria viver a uma velocidade vertiginosa,ansiava por conhecimento e por conhecer pessoas,naquela altura,cada pessoa era um mistério que ele adorava descobrir,não se via parado,amarrado a um local,muito menos a uma pessoa,absorvia tudo o que o rodeava,vivia tudo ate a ultima gota,quase até ao abismo,sabia recuar na hora certa,mas vivia,as pessoas eram mesmo o seu principal prazer,descobri-las não pelo que diziam,mas sim pelos pormenores,pelos gestos,pelas pequenas coisas,sendo calado por habito,podia observar sem se fazer notar,e assim adquiriu esse "dom" que lhe tem servido pela vida fora de conhecer as pessoas pelo que são,não pelo que dizem.Nesse tempo era um prazer,prazer que foi perdendo a medida que a vida foi avançando,agora ja pouco ou nenhum prazer lha dava,era mais uma defesa,o não desperdiçar de tempo com quem não gostava ou não lhe dizia nada,tinham perdido o interesse,e com isso os seus sonhos, aquilo em que queria acreditar,e o pior de tudo era que até a esperança de ter a sua "cúmplice" quase tinha desaparecido.
Mantinha ainda a vontade de conhecimento,não da forma desenfreada que tinha tido,mas mantinha,continuava a ser um insatisfeito,mas agora pelos motivos e razões que conhecia,ao longo dos anos,tinha-se tornado um homem de convicções,de ideias bem assentes,de princípios que cultivava e preservava,não os que eram os certos ou aceites pela sociedade ou pessoas que o rodeavam,mas sim por aqueles que acreditavam que a diferença é algo saudável e ate necessário,não era teimoso ou anti social,apenas era ELE,individuo ÚNICO que lutava pelo que acreditava,que vivia consoante o seu código.
Por vezes saía da sua "zona de conforto",mais uma vez por necessidade de conhecimento,por achar que podia ser desta vêz que a VIDA lhe ia pregar a partida,de lhe mostrar que estava errado,que afinal ainda haviam PÉROLAS no Oceano da vida,e que uma estava ali,pronta para ser colhida.
Desilusão,era apenas mais uma concha partida na areia da praia que brilhava ao sol,e que ia e vinha com as marés,tão igual a tantas outras,ate ser transformada em grãos de areia que lhe escoriam entre os dedos.
Era por isso que voltava sempre ao ponto de partida,onde mantinha ancorado o seu barco,tal como o marinheiro que se aventura pelo mar dentro sem destino,sem saber quando volta,mas sabendo sempre que volta;e que á sua espera esta um porto seguro,um lugar quente e gente que sentindo a  sua falta nunca o prende,que o recebe como se ainda ontem o tivesse visto ou estado com ele,são os seus companheiros de viagem nesta vida,todos ligados pelo mesmo porto seguro,cada um com o seu barco da vida que sai e volta quando quer,e é sempre bem vindo.
Para trás fica mais uma viagem,mais uma historia,mais uma experiência,nunca uma desilusão,mais um capítulo no livro do conhecimento.
Chegou cansado desta viagem,deixou pessoas que lhe fazem falta,momentos que não quer esquecer,alegrias e tristezas gravadas no diário de bordo da vida.
Vai recolher as velas,fundear o seu barco,e ficar a olhar o mar,rodeado do que conhece,do que sabe que esta ali mesmo sem ver,neste momento não tem vontade de partir,mas sabe que chegara novamente o tempo que voltará a soltar as amarras e partir vida adentro,tendo sempre como certo...o ponto de partida.

J.C. (2014)

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