UM DIA MUITO ESPECIAL

DESCULPEM O ORGULHO,MAS MESMO SENDO,UMA PARTICIPAÇÃO NUMA COLECTÂNEA ESCOLAR,E COMO ENGLOBA VARIAS ESCOLAS E ALGUNS MILHARES DE ALUNOS,JÁ É UM PRIVILÉGIO FAZER PARTE DESSE LOTE DE ESCOLHIDOS,SENDO AINDA PARA MAIS A MINHA PRIMEIRA PUBLICAÇÃO PUBLICA E DISPONÍVEL PARA LEITURA,CLARO QUE ME DEIXA ORGULHOSO E ME FAZ, ACREDITAR QUE O QUE ESCREVO AFINAL TEM ALGUM VALOR.TIVE TAMBÉM A MINHA PRIMEIRA EXPERIÊNCIA EM LER PARA UMA PLATEIA,E SENDO EU UMA PESSOA QUE GOSTA DE PASSAR DESPERCEBIDA,NÃO FOI FÁCIL,NEM OS ELOGIOS RECEBIDOS,POIS QUEM ME CONHECE SABE QUE,EMBORA GOSTANDO,É CLARO,NÃO SEI LIDAR MUITO BEM COM ISSO. 

É UMA AUTO BIOGRAFIA POR ISSO NADA TEM A VER COM O QUE ESCREVO POR AQUI,OU SERÁ QUE TEM.....TEM CERTAMENTE,É TUDO SOBRE O QUE SINTO E COMO SINTO A  VIDA,O QUE SOU E COMO SOU,POR ISSO HOJE SERÁ UM DIA DIFERENTE,VÃO FICAR COM UM POUCO DE MIM,PORQUE É MESMO UM DIA ESPECIAL,E PARTILHAR OS MOMENTOS BONS,COM QUEM GOSTO FAZ PARTE DE MIM

AUTO-BIOGRAFIA

Nasci em 1962,na cidade de Lisboa, num  dos bairros mais típicos e conhecidos; Alfama, na casa onde viviam os meus pais, vindos de uma aldeia do centro do País. Éramos uma família modesta, a minha mãe era bordadora e o meu pai empregado dos Correios.

Tive  uma infância tranquila, rodeado de gente simples, alegre e sempre pronta a ajudar, como era natural entre as pessoas daquele bairro. Desses tempos ficaram-me na memória algumas imagens, cheiros e sabores, que ainda hoje recordo com carinho. As tardes na taberna do meu tio, rodeado de pipas de vinho e com o chão coberto de serradura, onde se jogava ao dominó e à sueca; do tanque comunitário, onde se juntavam as mulheres para lavar a roupa; dos estivadores, homens que trabalhavam nos barcos e das varinas que percorriam as ruas estreitas, com o cabaz na cabeça a venderem o peixe que apregoavam com os seus pregões tão originais;  ou do homem das farturas que todas as semanas passava por lá e que anunciava a sua passagem com uma buzina. Nesse dia tinha sempre direito a uma fartura e ainda hoje me delicio quando como uma. Tenho ainda na memória o “lugar” da Maria onde se vendiam as frutas e os legumes, expostos em caixas de madeira à porta da loja.E nunca me esqueço daquela melodia que o amolador de tesouras, facas e chapéus de chuva, entoava quando passava na rua onde  eu morava, e claro, o Santo António, a festa da cidade, que naquele bairro é vivida intensamente, onde o cheiro das sardinhas ainda hoje me faz recuar no tempo e me traz boas recordações.

Já mais tarde, mudei-me, com os meus pais,  para os subúrbios de Lisboa, para a Amadora. Naquela altura,era uma aldeia em ponto grande. Aí onde iniciei a minha vida escolar,descobri novas pessoas, menos expansivas, mas onde criei as minhas amizades, algumas que soubemos preservar até hoje.Foi também na Amadora que assisti à chegada da Democracia com o 25 de Abril de 1974,e às mudanças, que trouxe à minha vida.

Já no liceu, continuei os meus estudos até ao 8º ano. No meio de sonhos e objectivos, decidi ir trabalhar com 15 anos e continuar a estudar à noite.E assim foi até ir cumprir o serviço militar, na Força Aérea. Por lá estive dois anos, após o que voltei ao meu emprego e aos estudos.

Já no final dos anos 80, recebi um convite para trabalhar na Indústria Farmacêutica onde, como Delegado de OTCs, construí uma carreira que muito me realizou.Durante cerca de 20 anos, fiz o que gostava e me preenchia. Tive  também a oportunidade única de conhecer o país onde vivo, de uma ponta à outra, conhecendo lugares e pessoas que muito me ajudaram  a crescer como pessoa, e enriqueceram com os seus conhecimentos. Conheci novas realidades, novas formas de estar e viver, e todas elas contribuíram para a maneira como hoje estou e vivo a minha vida.

Já no séc. XXI, quando nada o fazia prever, as circunstâncias da vida, fizeram com que tudo mudasse e com elas tive de iniciar um novo percurso, percurso esse que ainda hoje faço. Foram mudanças que me trouxeram algum desânimo e até revolta, que tive de ter força para as superar e me fizeram pensar no que é verdadeiramente importante e que o tempo é demasiado curto para ser desperdiçado. Não me sentindo realizado profissionalmente, voltei a estudar, acreditando que assim posso melhorar o que desejo. Este revés trouxe-me também tempo para algo que muito prazer me dá, que é escrever e que é o pilar principal que me ajuda a ultrapassar e a manter a esperança em algo diferente.

Penso que me falta ainda escrever um ultimo capítulo, na minha vida ( ou se calhar, até mais que um), mas esse quero que seja escrito, novamente, com cores  alegres e com cheiros e sabores que possa guardar na memória, com um sorriso e com alegria, que volte a ser um capítulo cheio do optimismo que sempre me caracterizou e acompanhou.

J.C.(2015)