PELA PRIMEIRA VEZ EM
MUITOS ANOS O BANCO DE JARDIM ESTAVA DESERTO, QUEM POR HÁBITO OU NECESSIDADE,
POR ALI PASSAVA DIARIAMENTE, SENTIA ESSA AUSÊNCIA E INTERROGAVA-SE ONDE ESTARIA
O HOMEM, QUE HÁ TANTOS ANOS, ERA A COMPANHIA DAQUELE BANCO AGORA VAZIO.
O HOMEM TINHA NASCIDO
NAQUELA RUA, O BANCO VEIO UNS ANOS MAIS TARDE, OU JÁ LÁ ESTARIA? NÃO SE
RECORDAVA BEM, SABIA SIM QUE TINHA SIDO ALI, NAQUELE BANCO QUE TINHA, AINDA
CRIANÇA, DADO AZO À SUA IMAGINAÇÃO, AQUELE BANCO FORA O SEU CAVALO QUANDO
DISPARAVA A SUA PISTOLA DE PLÁSTICO, EM AVENTURAS DE ÍNDIOS E COWBOYS, O SEU
CARRO DE FUGA, EM LOUCAS E PERIGOSAS CORRIDAS. O SEU FOGUETÃO NA SUA IDA A LUA.
FOI TAMBÉM NAQUELE BANCO
DE JARDIM, QUE RECEBEU O SEU PRIMEIRO BEIJO, INOCENTE E PURO, DA VIZINHA DA
PRIMÁRIA QUE O ACOMPANHAVA NAS IDAS E VINDAS DA ESCOLA. JÁ NA ADOLESCÊNCIA, FOI
TAMBÉM ALI, QUE DESCOBRIU, A SUA PRIMEIRA PAIXÃO, O PRIMEIRO DESEJO FÍSICO PELO
SEXO OPOSTO, NAQUELE BANCO DE JARDIM AGORA ABANDONADO.
FOI ALI QUE SE APAIXONOU
PERDIDAMENTE, PELO GRANDE AMOR DA SUA VIDA, ELE A ÚNICA TESTEMUNHA, DE TODOS OS
SONHOS, PROMESSAS E JURAS DE AMOR ETERNO, FOI TAMBÉM ELE, A ÚNICA TESTEMUNHA
DAS LÁGRIMAS QUE VERTEU, NO DIA EM QUE ELA PARTIU, ALI ABANDONOU TODAS AS
ESPERANÇAS QUE TINHA DE UM DIA PODER VIR A ACREDITAR EM DEUS.
DAQUELE BANCO, AGORA
DESERTO E VAZIO, FEZ A SUA ÚNICA COMPANHIA DE VIDA, ALI APRENDEU A VER O QUE LHE
DIZIAM OS ROSTOS QUE PASSAVAM, A VER AS SUAS TRISTEZAS E ALEGRIAS, A SOLIDÃO
ESTAMPADA NO ROSTO, AS ILUSÕES E DECEPÇÕES QUE A VIDA LHES TRAZIA,” BOM DIA”,”
BOA TARDE”,” COMO VAI”, O DIALOGO QUE MANTINHA COM QUEM PASSAVA, AO LONGO DOS
ANOS UM OU DOIS, MAIS AFEITOS, QUEBRARAM O MURO ERGUIDO, E CONSEGUIRAM ENTRAR
UM POUCO, DENTRO DA MURALHA, COM ESSES PARTILHAVA IDEIAS, MAS FUNDAMENTALMENTE
ESCUTAVA-OS, DANDO AQUI E ALI ALGUMAS NOVAS DIRECÇÕES, CONHECIDAS APENAS POR
QUEM JÁ À MUITO AS TINHA PERCORRIDO, NESTES CAMINHOS DA VIDA.
POR ISSO A SUA AUSÊNCIA
TER SIDO TÃO NOTADA, ONDE ESTARIA O HOMEM DO BANCO DO JARDIM?
NÃO O PODERIAM SABER, MAS
TINHA SIDO ENCONTRADO MORTO, DE MADRUGADA, SENTADO, ALI NAQUELE BANCO DE
JARDIM, TINHA PARTIDO TAMBÉM ELE, CALMO E SERENO, NA SUA ÚLTIMA E DERRADEIRA
AVENTURA, DEIXANDO AQUELE “SEU” BANCO DE JARDIM MAIS POBRE E COM A SAUDADE QUE
SÓ QUEM PARTILHA UMA VIDA DE ALGUÉM, ASSIM TÃO INTIMAMENTE PODE DEIXAR, MESMO SENDO APENAS PEDAÇOS DE MADEIRA SEM VIDA…SERÃO MESMO?
J.C.(foto e texto,2015)
Maravilhoso texto que me comoveu, mas que é tão real. Um banco carregado de historias e recordações.. Fica apenas e só o nosso olhar... Parabéns
ResponderEliminarNosso blogue com novo linke...Actualize...Obrigada
http://anseiosedevaneiossexuais.blogspot.pt/ = Anseios e Devaneios Sexuais.
...Beijocas
Obrigado Larissa,um dos poucos textos que gostei de escrever,habitualmente acho sempre que falta algo,neste não,está tudo o que quis transmitir,até porque a foto também é minha e isso ajuda,pois foi algo que me tocou logo escrever sobre a foto tornou-se mais facil.
EliminarBeijinhos
quantos bancos vazios nem notamos ??
ResponderEliminarprecisamos mesmo aprender a perceber .... notar ... sentir falta ! quantas histórias e verdades existem em cada pessoa que escolhe seus bancos pelos caminhos da vida ...
sim precisamos mesmo aprender a notar !
belíssimo texto .... cheio de profundidade e compaixão ! obrigada por nos agraciar com tamanha generosidade
beijo doce SENHOR J.C
danny