quinta-feira, 6 de agosto de 2015

A QUESTÃO


Há já algum temo que esta pergunta lhe inquietava a mente,em várias ocasiões,faria realmente falta a alguém?a cada dia que passava,mais a certeza que,NÃO,o invadia,numa era de virtualidade,quem daria pela sua partida?passavam dias e até semanas que o seu telefone não recebia uma chamada,dos seus amigos,da sua família,de quem lhe era próximo,ou achava que era.Seguia as vidas através das redes sociais,sem a emoção ou a intimidade que implica o contacto visual e físico entre os seres humanos,no seu isolamento,percebia que a sua falta era nula,tinha um emprego,aí dariam pela sua falta,mas não seria ai que faria falta a ninguém,era apenas um empregado perdido no meio de milhares,uma peça que seria substituída sem grande problema ou alarido.
Os amigos que tinha ainda preservado,passavam meses sem saber nada deles, a não ser, claro,pelas redes sociais,tinha sido forçado,por imperativos de vida a ter uma vida longe dos meios em que os seus amigos circulavam e viviam,era quase natural que se esquecessem que existia,ou era um pensamento fugaz que se desvanecia com o tempo.
Que haverá de mais triste que chegar a conclusão que a falta da nossa presença,não é notada ou sentida?,já tinha vivido os anos suficientes,ainda por cima cresceu com a revolução,passando toda a sua adolescência, entre os excessos da Liberdade que acabara de chegar,viu partir alguns amigos e ultimamente ainda mais alguns,chorou e sentiu a falta deles,mas como em tudo o tempo,encarrega-se de nos fazer "esquecer" a dor e as memórias ficam esbatidas,e ao fim de um certo tempo não passam de fugazes lembranças que nos trazem um sorriso de nostalgia quando nos lembramos dos que partiram.
Porque haveria de com ele ser diferente?não tinha construído laços,não tinha uma família dele,para perpetuar a sua memória,logo o que existia eram amizades e essas sentiriam a sua falta,talvez,durante uns dias,alguns nem dariam pela sua partida e só o saberiam numa conversa de café ou através de uma rede social,logo trocada por outra noticia mais alegre e menos penosa de pensar.Uma tristeza invadia-lhe o coração,quando pensava que afinal,não fazia falta a ninguém,não duvidava que tinha tocado,com a sua presença e forma de estar na vida,algumas pessoas,que as tinha tornado mais felizes ou até mudado algo na sua vida,mas tinham seguido estradas diferentes,caminhos que não se voltaram a cruzar,logo a sua falta já á muito que tinha sido colmatada.
Sentia como ninguém a impotência e a inutilidade,com que há uns tempos para cá vivia,sempre com essa pergunta como um fantasma dentro de si,"será que faço falta a alguém?" 
Poderia partir neste segundo,e o mais triste é que ninguém daria pela sua falta,e o que pode haver de mais inútil que alguém que não deixa marcas na vida.
Alguém que não passara de uma nota de rodapé,num jornal de bairro,de palavras de circunstância ditas para a ocasião do momento, e no dia seguinte tudo voltará a "normalidade" de um Mundo sem laços e sem memória.
NÃO(era a sua conclusão)não fazia falta a ninguém

J.C.(2015)   

6 comentários:

  1. Aqui tem coisas quentes... Que aquecem meus desejos. Hummm. Prazer voltar sempre. Espero que este homem que me seduz com palavras e imagens não deixe de existir em sua essência.

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    1. Não deixará certamente,porque será sempre o mesmo "Homem" Lilium,e continuará se possível a despertar-te essas emoções,sempre que puder.

      beijinhos

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  2. "Poderia partir neste segundo,e o mais triste é que ninguém daria pela sua falta,e o que pode haver de mais inútil que alguém que não deixa marcas na vida." ... Foi triste, desilusório, desapontante mesmo ler este texto... Porém, concluo que o escreveste inspirado na frase de título, talvez numa qualquer foto que viste ou a pensar talvez em alguma história ou noticia que leste de alguém que passou pela vida mas não viveu, passou como a brisa que passa e logo vai. É isso que acredito ter-te inspirado! Isso e nada mais! Este texto não retrata a história de quem viveu e vive a vida, de quem foi e vai ser ainda muito feliz e de quem faz falta hoje e sempre, se não a muita gente, pelo menos aos melhores Amigos e a quem se sente bem a seu lado.T

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    1. Talvez o "ninguém" possa ser demasiado radical,mas no contexto geral a minha opinião não muda assim muito.
      De qualquer forma obrigado pelas palavras e opinião,como sabes levo sempre em conta.

      Beijos Grandes T

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  3. Respostas
    1. Ando sim de pessoas que me façam bem,e isso é raro,estamos todos cada vez mais a olhar para o próprio umbigo

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