Mimosa boca errante
à superfície até achar o ponto
em que te apraz colher o fruto em fogo
que não será comido mas fruído
até se lhe esgotar o sumo cálido
e ele deixar-te, ou o deixares, flácido,
mas rorejando a baba de delícias
que fruto e boca se permitem, dádiva.
Boca mimosa e sábia,
impaciente de sugar e clausurar
inteiro, em ti, o talo rígido
mas varado de gozo ao confinar-se
no limitado espaço que ofereces
a seu volume e jato apaixonados
como podes tornar-te, assim aberta,
recurvo céu infindo e sepultura?
Mimosa boca e santa,
que devagar vais desfolhando a líquida
espuma do prazer em rito mudo,
lenta-lambente-lambilusamente
ligada à forma ereta qual se fossem
a boca o próprio fruto, e o fruto a boca,
oh chega, chega, chega de beber-me,
de matar-me, e, na morte, de viver-me.
Já sei a eternidade: é puro orgasmo.
CARLOS DRUMMOND de ANDRADE
Amo Drummond. Ótima escolha.
ResponderEliminarDeixo beijos
Também gostei,muito mesmo :)
EliminarBeijinhos
Putz.... MA-RA-VI-LHO-SO!!!!!
ResponderEliminarQuase tanto como te..imagino hehehehe :p
EliminarBeijocas
A boca... hum boca terrível e maliciosa, quão mimosa e ousada!
ResponderEliminarE a tua também é assim?hehehehe
EliminarNem sabia que o citado poeta fazia poesias eróticas! Singela e sensual!!
ResponderEliminarEu nem o conhecia,foi através de algumas leituras de poesia erótica que o descobri :))
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