sábado, 13 de junho de 2015

POR DETRÁS DAS JANELAS


Chegou a casa depois de mais um dia de trabalho,tirou a roupa,que se amontou numa cadeira no quarto,nua deitou-se sobre a cama,deixando que a pele fosse aquecida pelo calor que atravessava as persianas,sentia a solidão,lá fora chegava até ela os ruídos do trânsito,as vozes das pessoas que passavam.
Ali deitada sentia a falta de umas mãos que a percorressem,que a descobrissem,nestes momentos em que o desejo se lhe aflorava ao corpo,abriu as pernas,deixou que um raio de sol lhe aquecesse o sexo húmido,pelas imagens que iam passando na sua cabeça,deixou que a sua mão encontrasse o caminho até ao meio delas,fechou os olhos e os seus dedos passearam suavemente e delicadamente ao longo da entrada sensível,imaginou uns lábios que a beijavam,sentiu os dedos a ficarem molhados,o corpo cada vez mais quente,não só pelo sol que entrava,sem convite,tal como ela desejava que naquele momento se materializasse o seu desejo,sem convite,que apenas lhe trouxesse o corpo que desejava,o sexo que ansiava ter em si,lhe preenchesse a ausência que naquele quarto se instalara.
Os seus dedos entraram dentro de si,acariciou, a saliência escondida,deixou escorregar dois dedos em profunda exploração,movimentou-os ao ritmo do seu desejo,com a intensidade da falta de um corpo,que ansiava.
Da rua chegou até ela uma voz masculina,que passava debaixo da sua janela,fantasiou um corpo que dava vida aquela voz,nu,tal como ela naquele momento.
Foi percorrida por espasmos de prazer,num turbilhão de sentimentos,desde a satisfação à tristeza,levou a boca os seus dedos,e beijou-os,nos seus lábios o doce sabor de si,misturado com o salgado de uma lágrima que tinha escorrido dos seus olhos.
Ali naquele quarto,naquela cama,repousava o seu corpo nu,carente e desejoso de se entregar,de acabar com aquela solidão que se entranhava na pele e na alma.
Persistente e sempre presente,ficaram os raios de sol,que lhe aqueciam o corpo,como que a lhe enviar um sinal,que um dia alguém entraria naquele quarto,para lhe aquecer aquele corpo nu e solitário.

J.C.(2015)    

8 comentários:

  1. A solidão nua e crua. Uma intimidade a sós aquecida pela esperança. Uma realidade cada vez mais patente nos dias que correm. Um texto profundo, visto por olhos masculinos que retrata a perfeição da exploração feminina. Gostei muito.
    Beijinhos
    Acidentada

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. A solidão é muito idêntica,Acidentada,seja ela masculina ou feminina,talvez por isso ter ficado tão perto da realidade,no fim de contas de solidão,percebo eu,até demais.

      Beijinho grande

      Eliminar
  2. Gostei do texto. Uma crônica social, uma bela história do mundo real.
    EXCELENTE MAGO!!!
    Adorei o estilo de tua crônica... escorreito, bem escrito e em detalhes que refletem a solidão da vida!!!
    Nota mil!!!

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Obrigado pelas tuas palavras e apoio caro amigo.

      Um abraço

      Eliminar
  3. Lindo texto. História sentida na pele e na alma.
    Beijos, Mago

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Sem duvida Marie,bem sentido,afinal,a solidão é comum a ambos os sexos,e como "convivemos" com ela não é assim tão diferente.

      Beijos meus Marie

      Eliminar
  4. Sedutor e muito verdadeiro. Bjuss Mago ;)))

    ResponderEliminar

DEIXEM A VOSSA MARCA NO MEU TRILHO