terça-feira, 4 de dezembro de 2018

NO LIMITE,PORQUE A VIDA MERECE REFLEXÕES



Tinha atingido limite,o limite da solidão,da luta,do isolamento,da clausura,do silêncio
Saber que nada podia dar,que nada tinha para dar,que afinal não vivia,estava no limite
Não conseguia pensar em viver a vida num estado semi-vegetativo,sem horizontes,sem futuro,sem sonhos ou janelas que se abrissem,estava no limite
Não se conseguia ver a desperdiçar o tempo que a vida lhe dava,sem poder fazer mais que o mínimo que forçosamente estava destinado nos últimos tempos,cansado de ser um D. Quixote a lutar contra moinhos de vento,que eram monstros que nunca tinham fim,e se na sua insanidade pensava que tinha derrotado um,logo mais a frente apareciam mais dois ou três,perdeu o sorriso,perdeu a vontade,e perdeu o sentido de viver,estava no limite.
As palavras de encorajamento que lhe chegavam,já não faziam qualquer tipo de sentido,todos o faziam com as melhores intenções,mas só ele podia sentir o que o rodeava,no silêncio das paredes,no vazio frio da mesa,tinha por vezes que pensar que eram palavras amigas,pois por vezes a irritação já tomava conta dele,estava no limite.
Caminhava sem rumo ou direcção,sem sentido ou objectivo,ia a lugar nenhum,não saía do sítio,estava com a vida parada,e sabia que tanto lutara,que tanto fazia,que tanto sofria,mas que isso pouco ou nada valia,ainda lhe valiam as palavras ou os silêncios que na sua mente ganhavam formas e que iam directas para aquela folha de papel branco,era esse o peso da balança que ainda o mantinha lúcido e equilibrado,talvez demasiadamente lúcido,para saber que estava,no limite.
Deu por si a caminhar entre os carris,sentiu através dos sapatos a vibração do que se aproximava,ouviu o seu apito ao longe,e a luz que ainda era um mero ponto no horizonte,encontrava-se numa das encruzilhadas da linha,teria de escolher a que iria seguir,pela primeira vez na vida não estava fácil a decisão,estavam em causa os princípios pelos quais se tinha regido até ai,mas também estava dentro dele o vazio que o habitava á uns tempos e que tinha posto tudo em causa,neste momento deixara para trás,tudo o que sempre achava que importava,as suas ideias,os seus ideais,enfim tudo o que sempre o acompanhara até aqui,só tinha uma certeza.......sabia o que não queria,mesmo que isso fosse contra tudo o que sempre tinha defendido,não queria uma vida assim e isso era a única certeza que tinha,pois não estava no limite........tinha atingido todos os limites,e ali ficou parado,indeciso quanto a escolha que iria fazer,ou um passo para o lado ou manter-se parado?tinha tempo e podia escolher.....ainda.

J.C.(2014)

PASSARAM 4 ANOS E TUDO PARECE TER VOLTADO AO MESMO...

2 comentários:

  1. Muito intetessante este post.

    Arthur Claro
    http://www.arthur-claro.blogspot.com

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    Respostas
    1. Obrigado Arthur,apenas escrevo o que sinto,usando uma frase que ouvi à pouco tempo num encontro de escritores amadores....("...todos somos escritores,basta escrevermos o que sentimos,a diferença entre os que escrevem e os outros,é que esses são preguiçosos de mais para escreverem"...).

      Obrigado pelas palavras,abraço

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